sexta-feira, 21 de abril de 2017

Espero por ti ao pé da ponte

Esperei por ti ao pé da ponte
florida, na esperança vã enfeitada
se adentro p'lo mar dos meus olhos,
te visse vinte e oito passos apressada.
Chegavas-te a mim com três laranjas no regaço
em tom d'embaraço por não te saberes explicar,
na demora em me abraçar, cem braços de rio por navegar 
mil palmos de terra por explorar
e dez mil milhas de sonhos por cumprir.
Deixei-te rir, nervoso miudinho
de quem não me conhece o dorso
e sabe que nele terá (quem)barcar.
Aqui, deste lado da ponte, não há quem sou.
Mas acolá, onde os pássaros cantam, 
onde as flores encantam 
e onde a humanidade nasce em ramos de alecrim, 
há um jardim de sonhos encantados,
por mim semeados
- enquanto te esperava do lado de cá -
cantei o credo, cândida à fonte
para que os regasse, até que a hora chegasse
e em ti brotasse a vontade de me ter. 
Felicidade que andais perdida com três laranjas no regaço...
em passo baço, de quem não luziu ao nascer. 
Vem sentar-te nas minhas costas 
e deixa-me ser escrava de tuas viris vontades
alimenta-me com o sumo da tua laranja
e deixa o excesso escorrer pelo meu queixo...
(não é desleixo) e lá em baixo,
no lazarento jardim dos meus sonhos,
será fértil tudo o quanto dele beber.
Vem, que por ti ainda espero ao pé da ponte.

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